Publicado originalmente em 22 de Junho de 2020
O Governo Bolsonaro já deixou clara sua intenção de transferir para os trabalhadores a conta da nova crise do capital. Uma das principais medidas adotadas nesse sentido foi a MP 936, cunhada sobre o falacioso nome de “Programa Emergencial de Manutenção de Emprego e Renda”. Essa medida está em vigor desde 1º de abril, e permite aos empregadores suspenderem os contratos ou reduzirem as jornadas de trabalho, com corte proporcional dos salários.
Essa medida veio para flexibilizar ainda mais o mercado de trabalho de Florianópolis, que foi diretamente afetada pela crise no comércio e nos serviços. Conforme dados do Ministério da Economia, 45.517 trabalhadores florianopolitanos já foram afetados pela MP 936 até a última quinta-feira (18/06). Diante da queda nos lucros, cerca de metade (48,7%) dos empregos com carteira de trabalho assinada no setor privado da capital já foram atingidos pela MP 936. A maioria dos acordos foram por suspensão de contrato, modalidade que representou 54% das adesões. Com isso, 24,6 mil florianopolitanos foram afastados de seus empregos, sofrendo com uma perda média estimada em aproximadamente 40% de seu salário.
Essa perda de renda certamente agravará os problemas que se espalham aos montes na “Ilha da magia”, inviabilizando o pagamento dos exorbitantes aluguéis, das dívidas acumuladas no cartão e mesmo da alimentação básica das famílias.
A pandemia veio para aprofundar ainda mais a crise que é própria do capital. Sua saída natural é a centralização do capital, com a queda das pequenas empresas e o desalento da população. A organização urge como única saída para a ruptura possível e necessária desse ciclo, que vai aproximando cada vez mais Florianópolis da imagem característica do subdesenvolvimento brasileiro: o desemprego e a miséria da maioria do povo que vive do trabalho.
Fontes:
Ministério da Economia – Via LAI, entre 01/04 e 16/06
PNADC – Comparação com a média dos empregados com carteira no setor privado no 1º trimestre de 2020